Grandes lucros, parcos aumentos

Plenários na <em>Petrogal</em>

A posição da administração denuncia o «Bloco Central de interesses instalado na empresa e que é protagonizado por Ferreira do Amaral e Pina Moura», acusa a Fequimetal.

Os trabalhadores têm razões para comemorar o resultado da luta que travaram

Na segunda quinzena de Março vão ter lugar plenários de trabalhadores, «para decidir acções de luta em defesa de aumentos salariais significativos e para melhoria das condições de trabalho», informou na semana passada a federação sindical do sector. Para ontem estava agendada mais uma reunião de negociações, entre representantes dos trabalhadores e da administração.
Logo que, a 24 de Fevereiro, foram divulgados os resultados de 2004 da holding Galp Energia, a federação salientou que os 333 milhões de euros de lucros e o crescimento da produtividade por trabalhador, para mais do dobro, «só foram possíveis de atingir devido ao esforço e elevado profissionalismo dos trabalhadores». A Fequimetal/CGTP-IN recorda que já em 2003 o grupo de que faz parte a Petrogal registou lucros de 226 milhões de euros.
«Apesar desta onda de resultados magníficos, os mais elevados de sempre, a administração da Petrogal quer impor aos trabalhadores um aumento, totalmente irrealista e inaceitável, de 2,3 por cento», protesta a federação, que considera tal posição «intolerável, prepotente e irresponsável». Por outro lado, a atitude da administração «denuncia a aliança perversa», que a federação classifica como «Bloco Central de interesses instalado na empresa» e que tem como protagonistas o presidente do CA da Galp Energia, Joaquim Ferreira do Amaral, e o ex-ministro Joaquim Pina Moura (que passou a integrar o CA depois de nomeado presidente da Iberdrola Portugal, ocupando o lugar a que a empresa espanhola tem direito, por possuir uma participação de quatro por cento no capital da holding portuguesa.
Segundo a nota de imprensa da Fequimetal, «Ferreira do Amaral não terá resistido, certamente, a tomar uma posição de revanche após a hecatombe eleitoral dos partidos da direita, enquanto Pina Moura, por seu lado, já deve estar a desejar acertar contas antigas, agora que se sente protegido pelo capote das maiorias absolutas».

Refinação

Os resultados atestam «o contributo determinante da refinação», salienta a federação, que sobre o assunto divulgou também um comunicado aos trabalhadores. É neste documento que a Fequimetal considera que está «novamente em evidência a enorme derrota de todos aqueles que tinham apostado fortemente na liquidação da área da refinação, como foi o caso da dupla Ferreira do Amaral e António Mexia».
A federação diz entender «as razões que levaram Ferreira do Amaral a escolher este momento para anunciar os lucros de 2004 e por que motivo ele até salientou o contributo determinante da actividade de refinação». O presidente da Galp Energia pretenderia assim «aproveitar o esforço alheio, para preparar uma despedida em grande», mas «o problema é que temos memória e, por isso, não embarcamos em fantasias e declarações hipócritas».
«Foram muitos os ataques desferidos contra a refinação, por parte do Bloco Central de interesses instalado na administração de Ferreira do Amaral e António Mexia e no Ministério da tutela, ocupado por Pina Moura e, depois, por Álvaro Barreto», lembra a Fequimetal. Acrescenta que «a esses ataques, responderam os trabalhadores, com a sua luta firme e determinada, tendo derrotado a estratégia delineada por aqueles senhores para privatizar/alienar a Petrogal ao capital estrangeiro e liquidar a refinação em Portugal». «Mais uma vez, através da luta», foram ainda os trabalhadores que «impuseram a realização dos investimentos necessários nas refinarias e em outras áreas fundamentais, dos quais se estão agora a retirar os devidos resultados».
Estando provado que «vale sempre a pena lutar», a federação conclui que, no actual momento, «é justo os trabalhadores lutarem pelos salários a que têm direito». Além de «aumentos reais significativos», «é justo» que exijam prémios de resultados e distribuição de lucros «em montantes que retribuam satisfatoriamente a produtividade criada», tal como «é justo concretizar uma melhoria do subsídio de turnos e outras condições de trabalho».


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